O recente caso de racismo sofrido pelo atleta Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid da Espanha, não é um problema isolado. Não é o primeiro caso por ele sofrido, não é o primeiro episódio da situação na Espanha e, infelizmente, ocorre dentro e fora dos campos em todos os lugares.
É um problema social.
O futebol tem a graciosa virtude de unir culturas e povos, sem distinção de credo, raça ou origem. A linguagem da bola é universal. Contudo, os recentes episódios de discriminação racial ocorridos nas partidas de futebol demonstram, de forma inconteste, que o preconceito ainda é uma realidade triste.
Na Espanha, Vinícius Júnior é o alvo dos ataques de forma direta. Antes mesmo de a bola rolar, os “torcedores” do Valencia entoavam canções racistas contra o jogador. Durante o jogo, o estádio canalizou seu ódio e ofensas ao atleta. O jogo ficou paralisado e, no final, o jogador brasileiro foi expulso. Nenhum torcedor foi detido. O estádio não foi esvaziado, o jogo não foi cancelado ou anulado, o clube não perdeu os pontos. Vini Jr. foi vítima fora de campo e punido dentro dele.
A ideia de impunidade acompanha o futebol. Recentemente, falamos sobre atletas envolvidos em escândalos de manipulação de resultados. Hoje, falamos de “torcedores” envolvidos em manifestações racistas. Situações extracampo que não podem ser ignoradas pelas autoridades, torcedores, clubes, atletas e sociedade. Por certo, o extracampo influencia no resultado dentro de campo.
O futebol é um reflexo da sociedade e está inserido em todas as discussões.
No Brasil, um recente caso de injúria racial foi registrado no jogo entre Altos e Ypiranga-RS, na data de 20/05/2023, em Teresina. Ainda no início do primeiro tempo, o goleiro Caíque acionou a arbitragem para relatar gritos racistas vindo da geral, atrás do gol, onde o atleta estava. Ao menos, o autor das ofensas foi identificado e conduzido pela polícia.
Como a CBF aborda a questão?
O atual regulamento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), entidade que comanda o futebol no país, dispõem de texto de lei com punições pesadas aos clubes em casos de racismo, que vão de multa a até perda de pontos, visto no art. 134 do RGC (Regulamento Geral de Competições)
Uma multa financeira de até R$ 500 mil está no rol punitivo. Em caso de reincidência, este clube perderá o mando de campo ou jogará com portões fechados. Em um terceiro caso, a punição será uma perda de pontos.
Ou seja, o impacto será financeiro (extracampo) e esportivo, com a perda de pontos. Ainda, é necessário identificar e punir cada ofensor envolvido.
Muito ainda precisa ser feito. No âmbito esportivo, que as punições previstas pela CBF sejam imediatamente aplicadas aos casos necessários. Em sociedade, é dever de todos combater o racismo.
O futebol, que é de todos, deve entrar em campo e ser frente no combate ao racismo. Enquanto houver impunidade e conivência, haverá racismo.