A incursão da tecnologia no âmbito jornalístico não apenas alterou a paisagem tradicional da profissão, como também redefiniu as expectativas do mercado e dos profissionais envolvidos. O repórter contemporâneo não está mais confinado às quatro paredes de uma redação; hoje, ele opera em um ambiente sonoro e fluido, cuja infraestrutura reside essencialmente em seu dispositivo móvel.
Esse aparato tecnológico permite ao jornalista a rápida verificação de diretrizes, transmissão ao vivo e edição de conteúdo em tempo real, aproximando, assim, o produtor de notícias de seu público-alvo de forma quase instantânea.
Contudo, é crucial observar que essa evolução não tem se manifestado de maneira proporcional ao que tange à remuneração dos profissionais. O uso extensivo da tecnologia, embora otimize diversos processos, também exige um acúmulo de funções aos jornalistas. Eles se tornam, em um único papel, repórteres, editores, cinegrafistas e até mesmo mídias sociais, uma acumulação de tarefas que não é necessariamente acompanhada por um aumento salarial correspondente.
Nesse cenário em constante evolução, onde os principais stakeholders do mercado — como fabricantes de smartphones, entidades governamentais e desenvolvedores de aplicativos — estão cada vez mais alinhados para potencializar as capacidades de transmissão, tornando-se imperativo reavaliar as estruturas salariais e as cargas de trabalho dos jornalistas.
Acredito que o setor deveria adotar uma abordagem mais sustentável e ética, que não apenas capitalize os benefícios da tecnologia, mas que também garanta o bem-estar e os salários justos dos profissionais que estão na linha de frente dessa transformação digital. A ausência de tal equilíbrio poderia resultar em desgaste profissional e, eventualmente, comprometer a qualidade do jornalismo praticado.